quarta-feira, 13 de julho de 2005

Seduzir, desarmadilhar

Reparo agora que FNV [Mar Salgado] utiliza o termo negociar. Acho que vai longe demais.
Prefiro os verbos seduzir, desarmadilhar. E explico.
Negociar com terroristas parece-me fora de questão. Não apenas pelas questões práticas que FNV assinala, mas especialmente por questões de princípio.
Acho, porém, que antes de lançar duas ou três bombas atómicas sobre uma certa zona do globo, algumas coisas podem ser feitas.
Estou a pensar em coisas que têm a ver, grosso modo, com a diplomacia, o trabalho nas organizações internacionais, a espionagem, os serviços secretos. E não excluo, obviamente, acções armadas, desde que contidas e dirigidas a alvos específicos. Nada do tipo Iraque ou algo semelhante.
E as acções em que estou a pensar nem sequer se dirigem aos terroristas. Mas sim ao meio em que nascem e florescem. Falemos claro: aos países islâmicos.
É necessário apoiar todas as experiências democráticas, de abertura, que separem o estado da religião. Mais que apoiar, é preciso incentivar. Apoiando os moderados, injectando dinheiro nos países ou zonas que caminhem nesse sentido. Punindo, vetando, sancionando os radicais. Se for caso disso, o uso da força é legítimo (ir buscar o Bin Laden ao Paquistão? uma força rápida de intervenção pode fazê-lo).
É nesse contexto que me parece um disparate, gasolina no fogo, a invasão do Iraque. É nesse contexto que me parece que nada terá solução enquanto o Ocidente (digo, os EUA) não mudarem a sua política para a Palestina.
O terrorismo alimenta-se de condições específicas, onde germina o ódio ao Ocidente. É por isso que falo em seduzir. Não os terroristas, mas a sua hipotética base de apoio, que apoia os que estão no activo e de onde saem todos os dias novos terroristas. Só conquistando essa gente para o nosso lado será possível desarmadilhar o terrorismo.