quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Fogachos políticos

O Luís [A Natureza do Mal] é então presidente do conselho de administração de uma empresa. Mas (e este mas fará alguma diferença), essa empresa dedica-se, por exemplo, ao import/export (que raio de expressão) de madeira, e possui, digamos, 300 e tal armazéns pelo país fora. Acontece que, todos os anos, ardem, mais ou menos pela mesma altura, dez armazéns (ou parte desses armazéns, para ser mais exacto na metáfora). Para que a metáfora tenha um mínimo de credibilidade, falta acrescentar que, no conselho de administração, há um elemento que tem a seu cargo a gestão dos armazéns e outro a gestão de catástrofes, incêndios incluídos.
Eu peço desculpa de usar com o Luís esta linguagem burocrática, mas limito-me a cavalgar-lhe a metáfora. Porque eu sei que lhe doi a alma com os fumos da Pampilhosa, do Alvão (um Portugal que desconhecia e que, fascinado, descobri há uns dois anos), a Estrela, por aí fora... E é claro que reconheço que, por momentos, a política também se faz com o coração, embora seja no campo do racional que ela deve ter o seu campo privilegiado. Penso, por isso, que Sócrates fez bem em não ter interrompido as férias - o que, de resto, poderá ter alguns custos políticos.
Quanto ao resto, caro Luís, sou bem mais pessimista: a avaliar pelos últimos meses, oportunidades não me faltarão, muito em breve, no sítio onde leu o texto sobre os fogos ou noutro qualquer, para me chatear, muito a sério, com esta governação socialista. Prefiro é fazê-lo por questões de substância, não por esta espuma de Verão.